sexta-feira, 9 de abril de 2010

por três vezes ela havia começado outra carta. por três vezes se encheu de incertezas e perdeu o que existia para ser dito. deixou os textos de lado e foi dormir. porque ela era assim, desde antes, desde sempre: se estava insegura ou com medo ou com dores tão grandes e tão grandes que ninguém nunca poderia compreender, ela ia dormir.
o mundo é cruel com quem se aproxima. o mundo não ajuda com dias ensolarados para passeios no parque, ou com dinheiro brotando nos bolsos dos casacos, ou com pessoas que nos desejam bom dia no café da manhã. o mundo nos traz preocupações, medo, insegurança. nos traz caras feias e palavras duras que viram manhãs feias e dias duros e noites insuportáveis. o mundo nos testa 24 horas – nos testa até nos sonhos durante a noite.

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