quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito. Tô morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher..."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Pode ser da vida acostumar.

Há uma tempestade acinzentada lá fora.
Pela vidraça escorrem lúgubres memórias do tempo que tive.
A lufada das horas carrega-me, insossa, por caminhos ritmados.
Os meus pés, descalços, sentem a tortura dos papéis amarrotados.
Chove. Diria-me qualquer poeta amigo que é este
O momento de desaguar-me em metáforas previsíveis
E regozijar-me em metonímias infindas.
Sinto muito: esta noite não voltarei a escrever ainda.
Permaneço no incauto do meu subterfúgio.
Estarreço! Toco-me… sim, sou eu ainda…
Sou eu: a essência do poeta que não fui
E só.
Embora relegada, vazia, manchada com o arco-íris negro
Do tinteiro caído sobre a mesa,
Sou eu… sou minhas memórias… sou a pilha de papel amarelecida na estante.
E só.